quinta-feira, 7 de julho de 2011

Debate de ideias ou "moral do vale tudo": aonde vai a oposição do CASESO - UnB?

Desde fins da década de 1980, com o colapso dos regimes stalinistas do Leste e a ofensiva político-ideológica do imperialismo em relação à "morte do socialismo" e à supremacia do livre mercado, um verdadeiro vendaval correu o conjunto das organizações políticas da esquerda mundial, inclusive as de origem revolucionária: tudo foi "revisto", desde o classismo, passando pela forma organizativa dos partidos e culminando numa "atualização" dos princípios morais dessas organizações.

Para os entusiastas desse "revisionismo", era necessário se "ajustar", se "adaptar" aos "novos tempos". O capitalismo já havia demonstrado sua superioridade; as experiências "socialistas", além de terem se extinguido, levaram a uma desmoralização da esquerda marxista, já que a população passou a identificar "socialismo" com as ditaduras burocráticas da União Soviética, China, etc. O papel dos partidos e organizações da classe trabalhadora seria, portanto, lutar por reformas dentro do capitalismo, e não pela superação do capital; a luta institucional, parlamentar, deveria orientar a política desses grupos, e não as mobilizações concretas do proletariado; por fim, a moral revolucionária, ou seja, o respeito, a fraternidade e o espírito de companheirismo entre os militantes do movimento, deveria, dentro dessa lógica, ser substituída pelos ataques morais, a intimidação física, a disputa sem princípios, numa palavra: a moral revolucionária deveria ser substituída pela "moral do vale tudo", que melhor se adaptava àquele momento de derrotas e refluxo dos trabalhadores a nível mundial.

A moral revolucionária sempre foi um patrimônio reivindicado por toda a esquerda e pelos movimentos sociais. Desde os primórdios do movimento operário, as polêmicas travadas entre os diversos segmentos e representações do proletariado pautavam-se sempre pelo respeito; a livre liberdade de crítica se combinava a um sentimento de companheirismo, oriundo do fato de todos os camaradas do movimento pertencerem à mesma classe. As mais ásperas disputas nunca cediam lugar à calúnia. No entanto, com o vendaval oportunista, esse patrimônio foi esquecido pela maioria da esquerda. Hoje, é comum uma assembleia de sindicato terminar em pancadaria, ou a ocorrência de casos de machismo dentro do movimento social de conjunto.

No movimento estudantil, não tem sido diferente. Todo mundo já ouviu alguma história sobre as famosas fraudes dos congressos da UNE e da UBES, ou da "máfia das carteirinhas", presente nessas entidades. A degeneração moral da direção dessas entidades pode ser explicada por sua adaptação à democracia burguesa e a seu total atrelamento ao Estado. No entanto, grupos e organizações bem menos expressivos – em que pese seu caráter auto-proclamatório – também padecem desse câncer, apesar de, no discurso, condenarem o caminho trilhado por essas entidades governistas. Aqui, citaremos apenas um deles, presente no curso de Serviço Social da UnB, e cujos métodos degenerados já há algum tempo vem maculando o movimento estudantil em nosso curso. Trata-se do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), corrente de tradição stalinista/maoísta, para quem a atuação no movimento se confunde com práticas gangsteristas.

Desde o início da inserção desta corrente no Serviço Social da UnB, as assembleias, atos e demais atividades do movimento estudantil de nosso curso tem sido palco das mais degeneradas práticas. No 2/2009, este grupo político havia colado uma série de cartazes e materiais de propaganda nas paredes do CASESO. A tradição democrática de nosso Centro Acadêmico sempre prezou pelo respeito às diversas correntes políticas e de pensamento presentes no curso; com o MEPR não seria diferente. Porém, um dia, os cartazes e materiais do MEPR apareceram rasurados com a palavra "stalinistas". Evidentemente, tratava-se de uma clara provocação, de mau gosto e extremamente despolitizada. Muito nos espantou, porém, a reação desta seita, mais despolitizada ainda: durante uma assembleia de professores, dois militantes do MEPR puxaram um membro da gestão do CASESO pelo braço, ameaçaram-no e prometeram fazê-lo "engolir" os cartazes caso o fato se repetisse, como se fosse ele o responsável pelas rasuras.

Nas últimas eleições para a gestão do CASESO, a falta de moral por parte deste grupo foi a regra. Termos como "canalha" constavam no material da chapa (derrotada) do grupo, referindo-se à chapa que acabou saindo vitoriosa da disputa, além de acusações infundadas de que haviam militantes pagos participando do processo, deram o tom da intervenção do MEPR durante toda a campanha eleitoral. Como se não bastasse, no primeiro dia de eleição, assim que a urna foi aberta, um militante da chapa eleita (atual membro da gestão do CA) foi xingado diante da comissão eleitoral, simplesmente por ter questionado a atitude de um militante do MEPR, que, não satisfeito em pautar um debate extremamente rebaixado durante as duas semanas de campanha, ainda resolveu criar problemas quanto às regras acordadas entre as três chapas concorrentes, relativas à boca-de-urna.

Por fim, ao final da última assembleia geral de estudantes de Serviço Social (06/07/2011), após um exaustivo debate sobre o Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social, depois de tentar "maquiar" o fato de que o MEPR, juntamente com a AE (Articulação de Esquerda - corrente interna do PT) haviam implodido o Encontro Regional de Estudantes de Serviço Social, e ao ser questionado sobre a chave do Centro Acadêmico, que havia sido cedida ao grupo para a realização de uma atividade, um militante do MEPR, aos berros, xingou membros da gestão do CA e assumiu uma postura de intimidação física, quase partindo pra cima de um companheiro do CASESO.

Estes fatos, até onde sabemos, são inéditos na história do Serviço Social da UnB, abrindo um grave e triste precedente. A "moral do vale tudo" deve ser combatida sem tréguas pelos ativistas e organizações políticas que entendem que a disputa no movimento deve ser pautada em base ao entendimento de que nossos inimigos são outros: as reitorias, os governos e os grandes empresários, que lucram com as péssimas condições de ensino e o sucateamento das universidades país afora. Em que pese nossas divergências políticas, somos todos camaradas lutando por uma educação de qualidade, a serviço dos trabalhadores, e uma sociedade efetivamente livre. E é justamente baseados na luta por uma sociedade livre, emancipada, que afirmamos: não existe espaço para métodos como os praticados pelo MEPR dentro do movimento estudantil de Serviço Social da UnB! Repudiamos veementemente as práticas desse grupo, e iniciamos, desde já, uma campanha contra essa “moral de vale tudo”, que xinga e agride, supostamente em nome da disputa política. Chamamos todos os ativistas, coletivos, grupos políticos e entidades do movimento estudantil da UnB a se incorporarem à construção dessa campanha e a repudiar esse tipo de prática no movimento.

Centro Acadêmico de Serviço Social - CASESO
Gestão "Quem Vem Com Tudo Não Cansa"