Marcha em São Paulo reúne mais de 1 mil manifestantes contra a homofobia.
Pela aprovação do PLC 122 que criminaliza a homofobia e pela punição dos homofóbicos!
Neste último sábado, dia 19 de fevereiro, a mesma Av. Paulista que serviu de palco para ataques fascistas contra homossexuais nos últimos meses foi tomada por uma colorida manifestação com a presença de organizações do movimento GLBT, sindicatos e partidos políticos como PT, PSOL e PSTU para exigir a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122) e também punição dos responsáveis pelos ataques homofóbicos. A ato foi convocado pelo grupo Ato Anti-Homofobia que se articulou através do facebook depois de um ato anti-homofobia na frente do Mackenzie contra a declaração homofóbica de seu chanceler.
A grande mídia, burguesa, noticiou como se fosse um ato de uns 400 manifestantes (já estamos acostumados com a contagem lunática da mídia…) e como se fosse o lançamento por parte do governo do disque denúncia que atenda os GLBTs. Assim, depois do lançamento do disque denúncia ,1 hora antes da marcha e a alguns metros de distância da mesma (na Casa das Rosas), a Ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos e a senadora Marta Suplicy se juntaram à marcha em sua saída. Além destas, também se fez presente os parlamentares Ivan Valente, Carlos Gianasi e Jean Wyllys, todos do PSOL.
O que caracterizou a marcha, no entanto, foi a sua combatividade e disposição para ganhar a população para lutar junto aos GLBTs contra a homofobia. Aos gritos de “i daí eu também sou travesti”, “ão ão ão eu também sou sapatão” juntamos o já histórico “contra a homofobia nossa luta é todo dia”. E foi exatamente esse o espírito da marcha. Frente à falência política das marchas do Orgulho Gay que, a exemplo da parada de São Paulo, viraram grandes carnavais fora de época beneficiando os empresários hoteleiros e o comércio (a parada é o 2º evento mais lucrativo de São Paulo, só perdendo para a F1) a alternativa foi tomar as ruas. Salvo algumas exceções, as marchas já não servem mais para combater a homofobia e isso é um dos motivos do descaramento dos fascistas homofóbicos que se sentem seguros de nos atacar por saberem que sairão impunes.
Outro motivo para a crescente onda de homofobia, além da cooptação das paradas pelo empresariado, são os próprios governos. Quem é de São Paulo lembra quando a mesma Marta (PT) que estave na marcha este sábado perguntou em sua campanha para a prefeitura de São Paulo se Kassab “É CASADO¿” e se “TEM FILHOS”. Quem não é de São Paulo pode se lembrar como a campanha dos presidenciáveis foi marcada pelo retrocesso no debate dos direitos civis das mulheres e GLBT. Tanto Serra quanto Dilma rifaram nossos direitos de união civil e aborto seguro para ganhar a presidência no famoso jogo do “vale-tudo”.
Para nós que somos estudantes universitários e secundaristas isso se reflete em exemplos como o “rodeio das gordas” na UNESP, o caso do “sexo oral na salcicha” na UnB, o recente caso de ataque lésbofóbico na calourada da UFRGN ou ainda a reacionária declaração do chanceler do Mackenzie contra os direitos civis do GLBTs.
A falência das paradas, o governismo oportunista no movimento e, principalmente, a onda de ataques físicos aos GLBTs coloca a necessidade imediata de organização dos GLBTs. Por isso a ANEL junto a CSP-CONLUTAS esteve presente nesta marcha que aponta o caminha das ruas, tal como faz hoje a juventude no Egito, Norte da África e Oriente Médio, como única estratégia válida de conseguirmos todos –TODOS – os nossos direitos. Esta marcha, em contraposição às paradas carnavalescas, nos ensina uma importante lição: a organização dos gays, lésbicas, bissexuias, travestis e transgêneros é urgente. Precisamos nos organizar para nos defender uma vez que o descaso por parte do estado e sua polícia nos coloca em situação de vulnerabilidade, correndo risco de morte nas ruas. Assim também para fazer frente dentro das escolas e universidades que contam com diretores, reitores, bedéis e guardas universitários que não nos protegem e, na maioria das vezes, nos oprimem.
O I Congresso da ANEL que acontecerá nos dias 23, 24, 25 e 26 de junho no Rio de Janeiro será um importante momento para reunirmos as lutadoras e os lutares por uma melhor educação. E não existirá melhor educação enquanto esta for racista, machista e homofóbica, enquanto for opressora e reprodutora destas ideologias nefastas responsáveis pela segregação e morte de um sem número de pessoas no Brasil.
A ANEL está disposta a se somar a todas as iniciativas de mobilização direta da juventude e trabalhadores e faz o chamado a organização da juventude através de seus fóruns (assembléias estaduais, assembléias nacionais e congresso) para que as mobilizações sigam crescendo até a conquista do PLC 122, da união civil, do nome social e tudo o mais que for nosso de direito.
Sendo assim, a nossa próxima tarefa é estarmos na linha de frente dos atos do 8 de Março na condição de oprimidas e oprimidos que também lutam contra o machismo. Este ano o 8 de março será durante o carnaval que, além da linda festa popular, é também o festival das opressões. Organizemos nossos blocos GLBT dentro das marcha feministas!
TODAS E TODOS AO I CONGRESSO DA ANEL!
POR UMA EDUCAÇÃO LIVRE DAS OPRESSÕES E UMA SOCIEDADE LIVRE DA OPRESSÃO E EXPLORAÇÃO!